Caroline Fernandes da Silva (2006) Análise da qualidade nutricional do biofilme

Análise da qualidade nutricional do biofilme

Autor: Caroline Fernandes da Silva (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Paulo Cesar Oliveira Vergne de Abreu

Resumo

O biofilme é definido como uma comunidade de microorganismos associados a uma matriz orgânica, que se forma naturalmente em qualquer superfície sólida em contato com água. A matriz orgânica apresenta na sua composição polissacarídeos, proteínas, ácidos nucléicos, entre outros polímeros. Na aqüicultura, o biofilme tem sido utilizado para gerar aumento da produtividade do sistema e da taxa de sobrevivência. Essas melhorias no sistema de cultivo podem ser atribuídas à presença dos microorganismos no biofilme, cuja composição bioquímica fornece macro e micronutrientes que favorecem o crescimento dos organismos cultivados. A fim de verificar essas hipóteses, este trabalho objetivou analisar a qualidade nutricional do biofilme em três estratos diferentes da coluna da água, em diferentes fases de sua formação, e comparar estas informações com a composição da comunidade de microorganismos. O experimento foi realizado na enseada Saco do Justino, na região estuarina da Lagoa dos Patos, RS, Brasil, no verão de 2005. Para propiciar a fixação do biofilme, foram utilizados três cercados com seis telas de polietileno (tela tipo mosqueteiro), possuindo cada uma 1,2 m², com uma abertura de malha de 1 mm, dispostas verticalmente e fixadas em bambu (material flutuante). A cada cinco dias foram coletadas amostras do biofilme nos três estratos, superfície (40 cm do fundo), meio (20 cm do fundo) e fundo (5 cm do fundo), para verificar a concentração de clorofila a, peso seco, caracterização dos microorganismos, concentração protéica e lipídica. Paralelamente, foi realizado o monitoramento da qualidade da água. A concentração de clorofila a variou entre 0,14 a 3,49 μg.cm-² em 30 dias de experimento, não sendo encontradas diferenças significativas entre os estratos. O valor de peso seco variou de 4 a 24 mg.cm-², e também não foram encontradas diferenças significativas entre os estratos. Nosso estudo sugere a verificação da maturidade do biofilme por meio da análise paralela de clorofila a e peso seco, pois essas medidas abrangem todos os microorganismos que compõem o biofilme, fotossintetizantes ou não. Os microorganismos do biofilme alcançaram densidades médias que variaram entre: 91.106 a 302.106 cels.cm-² de bactérias, 22.106 a 89.106 cels.cm-² de cianobactérias, 4.104 a 76.104 cels.cm-² de diatomáceas cêntricas, 1.104 a 26.104 cels.cm-² de diatomáceas penadas, 3.106 a 15.106 cels.cm-² de flagelados e 13 a 2468 cels.cm-² de nematódeos. Os valores de proteína variaram de 0,3 a 2,7 mg.cm-², e lipídio entre 8,2 a 105 de mg.cm-². Ao converter os valores de proteína para porcentagem registramos um conteúdo protéico máximo de aproximadamente 26% em base seca. Ao analisar as correlações entre microorganismos e composição bioquímica verificamos que o aporte de lipídios presente no biofilme deveu-se, principalmente, aos nematódeos e as diatomáceas cêntricas. Enquanto que a variação da concentração de proteína esteve correlacionada com bactérias filamentosas, bactérias aderidas e principalmente diatomáceas cêntricas unicelulares. Essas informações permitirão um melhor manuseio do biofilme no sentido de se incrementar a oferta de lipídio e proteína a organismos cultivados.

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