Mario Roberto Castro Meira Filho (2017) O uso do ácido acético como antiparasitário na aquicultura: efetividade e histopatologia causada em Mugil liza Valenciennes, 1836

O uso do ácido acético como antiparasitário na aquicultura: efetividade e histopatologia causada em Mugil liza Valenciennes, 1836

Autor: Mario Roberto Castro Meira Filho (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Joaber Pereira Júnior
Co-orientador: Dr Rogério Tubino Vianna

Resumo

Nesta tese foram estudadas a atividade antiparasitária do ácido acético glacial em metazoários e protozoários ectoparasitos da tainha Mugil liza, a toxicidade (CL50-1h) do ácido acético glacial e as alterações histológicas de fígado e brânquias de juvenis de M. liza, causadas pelo banho terapêutico deste ácido. No primeiro capítulo, a CL50-1 h para juvenis de M. liza foi estimada em 1402,62 mg L-1. As espécies de parasitos estudadas foram os copépodos Ergasilus lizae e E. versicolor, e os monogenóideos Solostamenides cf. platyorchis e Ligophorus spp. A concentração efetiva mediana (CE50-1h) de ácido acético foi determinada por meio de testes de toxicidade in vitro para cada espécie de parasito. Com os dados da CL50-1 h e CE50-1 h foram estabelecidos os índices terapêuticos para cada espécie de parasito em relação ao hospedeiro, que foram de 16,82 para E. lizae, 15,59 para E. versicolor, 9,69 para S. cf platyorchis e 5,53 para Ligophorus spp. Para avaliação in vivo foram utilizadas as concentrações equivalentes à 0%, 25%, 50% e 75% da CL50-1 h, que corresponderam às concentrações de 0 mg L-1 (controle), 350,65 mg L-1, 701,31 mg L-1 e 1051,96 mg L-1, respectivamente. Parte dos peixes utilizados na avaliação in vivo foram analisados para parasitologia e parte para histopatologia, cujos dados são apresentados no terceiro capítulo. Devido à alta mortalidade dos hospedeiros nas concentrações mais elevadas, os peixes sobreviventes à exposição ao ácido acético nas concentrações de 701,31 mg L-1 e 1051,96 mg L-1 foram examinados apenas para histopatologia. Os dados parasitológicos foram apresentados utilizando os índices parasitários de prevalência (P%), intensidade média de infestação (IMI) e abundância média (AM). Os valores de AM foram utilizados para determinar a eficácia da concentração de 350,65 mg L-1 para cada taxa parasito encontrado, que foram 100% para S. cf platyorchis, 91,47% para Ligophorus spp. e 73,57% para E. lizae. Na avaliação in vivo não foram encontrados espécimes de E. versicolor. Embora E. lizae tenha sido o taxon no qual o ácido acético glacial apresentou o maior índice terapêutico, foi também o taxon onde esta droga apresentou a menor eficácia, provavelmente pela forte adesão nas brânquias pelas suas antenas modificadas, mesmo após a morte do parasito. Com o primeiro capítulo foi constatado que o ácido acético na concentração de 350,65 mg L-1 foi eficaz contra os metazoários ectoparasitos de M. liza. No segundo capítulo foi avaliada a eficácia do ácido acético no controle dos ciliados Trichodina sp. e Apiosoma sp. em juvenis de M. liza. Para isso, os peixes foram submetidos às concentrações de 0, 238, 476, e 715 mg L-1 de ácido acético, que são equivalentes à 0, 33,3, 66,6 e 100% do valor do CL01- 1h, obtidos a partir dos dados do teste de toxicidade do primeiro capítulo. Os peixes após o tratamento tiveram duas horas de recuperação. Após esse período foram realizadas as raspagens do tegumento e das brânquias dos lados direito e esquerdo do hospedeiro. Após a preparação das lâminas, os ciliados foram contados. Observou-se que o ácido acético na concentração de 238 mg L-1 foi eficaz contra Apiosoma sp. e na concentração de 476 mg L-1 foi eficaz contra Trichodina sp. O terceiro capítulo consiste da avaliação das alterações histológicas do fígado e brânquias de juvenis de M. liza expostos ao ácido acético glacial. Foram realizados banhos de 1 h com ácido acético nas concentrações de 0, 350,65, 701,31 e 1051,96 mg L-1. Após o banho, os peixes foram mantidos em água limpa por 24 h para recuperação. Devido à mortalidade nas concentrações maiores, foram analisados oito peixes das concentrações de 0 e 350,65 mg L-1, e quatro das concentrações de 701,31 e 1051,96 mg L-1. A análise do fígado foi feita por quantificação da área total do corte histológico e da área com cada tipo de lesão. Para garantir uma amostragem uniforme da distribuição das alterações patológicas nas brânquias, um arco branquial de cada hospedeiro foi examinado. Cada arco foi dividido em três campos: os cinco primeiros filamentos, os cinco medianos e os cinco últimos foram examinados. Para cada filamento foram contados (presença/ausência) cada tipo de alteração histológica encontrada. Em uma segunda análise, uma nova amostragem foi realizada. Nesta avaliação, a lamela primária central em cada um dos campos foi examinada para determinar o número de lamelas secundárias com cada tipo de patologia. Com estes dados, foi determinada a ocorrência de lesão para cada tipo de lesão. Houve forte correlação positiva entre a porcentagem de área do fígado com necrose focal e com infiltrados inflamatórios, com as concentrações utilizadas. Em todos os tratamentos, inclusive no controle, foram observadas lesões lamelares caracterizadas por hiperplasia, fusão das lamelas secundárias, desprendimento do epitélio lamelar e perda do epitélio lamelar. Não houve diferença da frequência de hiperplasia, fusão lamelar e desprendimento do epitélio lamelar entre os tratamentos. No entanto, o uso do ácido acético, mesmo na menor concentração testada (350,65 mg L-1), causou significativo aumento na porcentagem de perda de epitélio das lamelas secundárias.

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