Programa de Pós-Graduação em Aquicultura (Conceito 6 da CAPES)

Programa de Pós-Graduação em Aquicultura (PPGAq), atualmente avaliado pela CAPES com conceito 6, começou suas atividades em 2002 impulsionado pela expansão da aquicultura nacional. Após 20 anos de atuação, o PPGAq pode ser considerado um programa consolidado e que se caracteriza por desenvolver suas atividades em consonância com o Programa de Desenvolvimento Institucional e a própria vocação da FURG – uma universidade voltada aos ecossistemas costeiros e oceânicos. Tendo isso em mente, os docentes e discentes do PPGAq participam ativamente em inúmeros projetos de P, D & I com grande interação com parceiros brasileiros e estrangeiros.

 

Os projetos desenvolvidos no âmbito do PPGAq são direcionados à área de concentração do programa - Aquicultura, em suas três linhas de pesquisa:

- Produção de Organismos Aquáticos Vertebrados: com estudos voltados ao desenvolvimento de tecnologias de produção de peixes dulcícolas e marinhos;

- Produção de Organismos Aquáticos Invertebrados e Produtores Primários: com desenvolvimento de tecnologias de produção de camarões, moluscos, micro e macroalgas, bem como plantas halófitas;

- Biotecnologia Aplicada à Aquicultura: estudos relacionados à engenharia genética, produção de organismos aquáticos em sistema multitrófico, avaliação da utilização de compostos antioxidantes na aquicultura, processamento e bioprodutos extraídos de organismos aquáticos.

Em muitos casos, essas linhas atuam de forma integrada no desenvolvimento de sistemas inovadores de produção, como é o caso do sistema de bioflocos (BFT), sistemas de recirculação de água (RAS) e sistema multitrófico integrado (IMTA), onde as equipes de pesquisa do PPGAq estão na vanguarda do conhecimento no Brasil e no mundo.

 

A infraestrutura disponível aos pesquisadores do PPGAq permite a realização dos mais diversos estudos, com elevado desenvolvimento tecnológico, interdisciplinaridade, e, em muitos casos, aliado ao setor produtivo. Essas características proporcionam aos egressos muitas possibilidades no mercado de trabalho, seja no universo acadêmico e/ou empresarial, tanto a nível nacional como internacional. Com esses diferenciais, o PPGAq fornece subsídios e colabora com o alcance aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) propostos pela ONU. Por meio de suas linhas de pesquisa, o PPGAq se enquadra diretamente em, pelo menos, 7 dos 17 ODS, em especial o ODS 2 – Fome Zero e Agricultura Sustentável (Garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas resilientes, que aumentem a produtividade e a produção, e que ajudem a manter os ecossistemas), e o ODS 14 – Vida na Água (Aumentar os benefícios econômicos para os países em desenvolvimento e os menos desenvolvidos, a partir do uso sustentável dos recursos marinhos, inclusive por meio de uma gestão sustentável da pesca, aquicultura e turismo).

 

A formação discente do PPGAq pode ser avaliada pela inserção de seus egressos no mercado de trabalho como também pela qualidade de suas dissertações e teses. Nos últimos anos, três teses do PPGAq receberam indicações de Menção Honrosa no Prêmio CAPES de Teses (2013, 2015 e 2020), além do primeiro lugar no Prêmio VALE-CAPES de Ciência e Sustentabilidade (2013). 

 

Ana Carolina Souza Sampaio (2010) Desenvolvimento inicial e comportamento alimentar da matrinxã Brycon amazonicus (Gunther, 1869), em laboratório

Desenvolvimento inicial e comportamento alimentar da matrinxã Brycon amazonicus (Gunther, 1869), em laboratório

Autor: Ana Carolina Souza Sampaio (Currículo Lattes)
Orientador: Dr Mario Roberto Chim Figueiredo
Co-orientador: Dra Marle Angelica Villacorte Correa

Resumo

O objetivo deste trabalho foi descrever os principais eventos ocorridos durante o desenvolvimento inicial da matrinxã Brycon amazonicus, correlacionando-os com o comportamento alimentar apresentado pelas larvas no período de 24 a 240 h após a eclosão (HAE) ou 10 dias. O objetivo do primeiro capítulo foi descrever o desenvolvimento embrionário e larval da matrinxã, caracterizando os principais eventos ocorridos até 72 h após a fertilização (HAF). O trabalho foi desenvolvido na Estação de Piscicultura de Balbina Município de Presidente Figueiredo. A caracterização foi feita com base na análise estéreo-microscópica, morfométrica e comparação bibliográfica. Os ovos da matrinxã são livres, transparentes, esféricos com grande espaço perivitelínico (0,56 ± 0,3 mm). As sucessivas clivagens originam células com 64 blastômeros na primeira hora AF. A gástrula, iniciada 02 h e 40 min AF, caracterizou-se por progressiva involução celular e formação do eixo embrionário, culminando com diferenciação de cabeça e cauda, com 05 h e 30 min AF. A embriogênese teve duração de 3 h com formação de somitos, notocorda, vesículas óptica, ótica e otólitos, além de batimentos cardíacos e liberação da cauda. As larvas eclodiram com 10 h e 30 min AF, quando teve início o estágio larval, em temperatura média de 29,9ºC. As larvas eclodiram com 3,56 ± 0,46 mm de comprimento total. Entre 19 e 30 h após a fertilização (HAF) foram observadas: 1) pigmentação e formação do tubo digestivo 2) surgimento de arcos branquiais 3) nadadeira peitoral 4) abertura da boca e 5) surgimento dos dentes. O canibalismo foi iniciado às 34 HAF, com 5,7 ± 0,66 mm de comprimento total, abertura bucal 1,46 ± 0,19 mm e intensos movimentos mandibulares acompanhados de natação vertical. A larva está apta à natação, busca e apreensão de presas e escape de predadores desde 60 HAF, permitindo sua transferência aos viveiros de alevinagem. No segundo capítulo se objetivou conhecer a seletividade alimentar da matrinxã no período de 24 a 240 h após a eclosão (HAE). Foram ofertados diariamente uma mistura de organismos zooplanctônicos (50 organismos/larva) e ração. A mistura ofertada foi previamente quali e quantificada e as larvas alimentadas eram amostradas diariamente para verificação do conteúdo alimentar no trato digestório analisado sob estereomicroscópio. Não foi observada seleção por organismos menores (Rotíferos e náuplios) e não foi observada correlação entre as medidas morfométricas da larva e medidas da presa. Os resultados mostram seleção por alimento vivo, com preferência alimentar por Cladóceros até o décimo dia de vida. No terceiro capítulo foi avaliado o desempenho das larvas quando submetidas a diferentes tratamentos alimentares, no período de 28 a 100 HAE, sendo: T1 = ração; T2 = zooplâncton e T3 = Ração + zooplâncton. O T3 apresentou maior taxa de crescimento específico (TCE) (2,03) e comprimento (6,49 mm), contudo a sobrevivência não diferiu entre os tratamentos. As larvas iniciaram a ingestão de alimento vivo ou ração no período entre 40 e 43 HAE, quando restavam pequenas proporções da reserva endógena (vitelo), indicando início de alimentação exógena neste período e utilização do alimento vivo até 240 HAE. Diante dos resultados observados, acredita-se que um correto manejo alimentar deve considerar redução no período de incubação de 72 h para 40 h, quando as larvas deverão receber alimento vivo e treinamento alimentar para aceitação de ração até o 10º dia após a eclosão. Isto possivelmente proporcionará maiores taxas de sobrevivência na larvicultura.

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